Relíquias de Sâo José

Há relíquias de São José? Sim, a tradição guarda alguns objetos e venera-os como relíquias do Santo Patriarca. 

S. Francisco de Sales, argumentando em favor da Ressurreição de S. José e da glória do santo em corpo e alma no céu, apresenta a razão de ninguém ter encontrado o corpo de S. José no seu sepulcro. E por isso, diz o Santo Doutor, não temos relíquias do corpo santíssimo de José

A tradição conserva alguns objetos.


O anel nupcial é uma jóia que se conserva em Perúsia. Foi trazido para Itália no século XI. Foi objeto de lutas entre as cidades de Perúsia e Clusi, que lhe disputavam a posse. Inocêncio VII decidiu a questão em favor de Perúsia, mas sem decidir coisa alguma sobre a autenticidade da relíquia.

vara de S. José venera-se na Igreja de N. Senhora dos Anjos em Florença. Foi trazida do Oriente pelo Cardial Bessarion por ocasião do Concílio Ecumênico em 1439.

O manto de S. José foi dividido em várias partes. Umas conservam-se na Igreja de Santa Anastácia, em Roma, outras na Basílica de Santa Cecília, em Assis, e em Bolonha.

cíngulos de S. José venera-se em Joinville, na França. É de cânhamo, mede um metro de comprimento e quatro centímetros de largura. Está encerrado num relicário de marfim com os dizeres: “Hic est cingulus, quo cingebatur Joseph sponsus Mariae”. A relíquia veio da Palestina em 1248, trazida por Joinville, grande devoto de S. José.

Privilégios e Perfeições de São José

Atribuem ao Santo Esposo de Maria privilégios e perfeições que na verdade dificilmente podem ser contestados. Alguns têm mesmo sólidos fundamentos.

Ei-los: 

1° —Santificação no seio materno. 
2.° —Impecabilidade. 
3.° —Virgindade perpétua. 
4.° —Ressurreição.

SANTIFICAÇÃO NO SEIO MATERNO 

A santificação de S. José no seio materno foi defendida pela primeira vez pelo célebre Gerson, o sábio chanceler da Universidade de Paris. Esta prerrogativa foi possuída pelo Profeta Jeremias e S. João Batista. Daquele se lê na Escritura: “' Anteqnem exires de vulva sanctificavi te” (Jer. I, 5): “Antes de saíres do seio de tua mãe eu te santifiquei”. E de João Batista diz o Evangelho: “Spiritu Sancto replebitur adhuc ex utero matris suae” (Luc. I, 15): "Será cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe". 
Ora, José maior que João Batista pela união com Cristo, e incontestavelmente mais santo e maior que Jeremias, não teria o privilégio da santificação no seio materno?
Gerson defende a sua tese ante a venerável assembleia do Concilio de Constança, e não poucos autores o seguem depois: Santo Afonso de Ligório aceita e defende esta opinião e bem assim Isolano, Cartagena, Bernardino de Bustes e muitos outros teólogos e santos. 

IMPECABILIDADE

Outro privilégio é o da impecabilidade. 
S. José foi confirmado em graça de tal modo que pode evitar todo pecado, até o venial! 
José, diz o Cardial Lepicier, nunca manchou a sua alma com a mais leve sombra de pecado em toda a sua vida mortal
Todos os Autores em geral admitem sem contestação a impecabilidade de S. José.
Jesus é santo e impecável por natureza, cheio de graça, Deus absoluto e infinito. Maria é santa e impecável não por natureza absolutamente, mas por singular privilégio de Deus, como disse Pio IX, foi preservada do pecado original, em atenção aos méritos de Jesus Cristo. José é também santo e impecável pessoalmente, cheio de graça e confirmado em graça evitou todo pecado. Nunca manchou a candura de sua alma virginal e santíssima. Assim o exigiam o lugar que ocupou na Sagrada Família, as relações íntimas com Deus e com a Mãe de Deus. 

 VIRGINDADE PERPÉTUA

A virgindade perpétua é outra coroa de glória do santo Patriarca. 
A Escritura nada fala da virgindade de S. José, mas a Tradição nos guarda e garante esta opinião com segurança. 
A Tradição teológica, escreve o Pe. Cantera, reprova todos os erros contra esta doutrina e afirma unanimemente a Virgindade de S. José, e hoje podemos afirmar que é uma verdade teologicamente certa, da qual não é lícito a nenhum cristão duvidar".
Santo Atanásio, S. Jerônimo, Santo Agostinho, S. Beda Venerável, Santo Tomás de Aquino, defendem com ardor e sólida argumentação, a virgindade perpétua de S. José. 
É célebre a resposta de S. Jerônimo ao herege Helvídio: Dizes, que Maria não ficou Virgem. Pois não só defendo e afirmo a Virgindade de Maria, como digo ainda mais: por Maria foi Virgem também S. José.

 RESSURREIÇÃO 

Finalmente, um grande privilégio atribuído ao Santo Patriarca é o da Ressurreição.
Um corpo tão puro e virginal e santo como era o de S. José, convinha estivesse reunido à alma no Céu, como esteve na terra. Depois de pago o tributo à morte e cumprida a lei que nos condena a morrer pelo pecado de Adão, convinha ao corpo de S. José ressuscitar glorioso e triunfante. 
José morreu nos braços de Jesus e Maria e foi sepultado piedosamente. Diz S. Mateus, que na morte de Jesus ressuscitaram muitos corpos de santos que haviam morrido. E acrescenta que vieram à cidade e foram vistos por muitos. Santo Tomás afirma que os que ressuscitaram então não voltaram à sepultura, mas foram com Cristo ao Céu.
Pois entre os ressuscitados, segundo a opinião de muitos teólogos e exegetas, estava S. José. Knabenbauer observa que os que ressuscitaram na morte de Cristo não foram os justos antigos, desconhecidos do povo, mas os que haviam falecido havia pouco tempo, afim de que todos vissem e atestassem o prodígio e cressem na ressurreição de Cristo. 
Ora, ninguém era mais conhecido que José. Não chamavam todos a Jesus: o filho do carpinteiro? Por isso, diz Suarez, é opinião comum e muito provável a ressurreição de S. José e a subida ao Céu em corpo e alma com Jesus Cristo. 
Não há inconveniente algum em crer nesta opinião, embora não conste na Revelação, e não se possa afirmar com absoluta certeza, diz o sábio Pontífice Bento XIV.

Pe. Ascânio Brandão

O lugar de São José


O santo padre Pio IX, de saudosa memória fora o Papa de uma das horas mais tormentosas e difíceis da história da Igreja. Devoto fervoroso de S. José, consagrou ao santo patriarca toda a Igreja em 8 de Dezembro de 1870. 
O culto de S. José desde então, mais se desenvolveu, e admiravelmente em todo o mundo católico. 
O Papa da proclamação da Imaculada Conceição e da infalibilidade pontifícia, foi também o Papa de S. José
Certa vez em Roma apareceu um artista de valor e o Papa lhe recomendou a pintura de um quadro no qual deveria figurar o céu. 
Pio IX acompanhava os trabalhos da tela com extremo carinho. Um dia, quando já bem adiantada ia a obra, o artista explica ao Pontífice o assunto, e o simbolismo das figuras e o lugar dos personagens na tela.
—E S. José, onde o colocou? 
— Ei-lo, diz o pintor, mostrando um ângulo do quadro, ei-lo aqui neste canto! 
— Não, meu filho, diz Pio IX, ali não pode ficar. Quero-o aqui ao lado de Jesus e Maria. Não me tire S. José de junto de Jesus e Maria, porque assim é que estão eles no céu! 
Bela e tocante lição! 
Em nossas orações, em nossa devoção nunca separemos o que Deus uniu na terra e no Céu: Jesus, Maria e José.

Oração a São José para vender uma casa


São José, por aquele amor que vos uniu à Virgem Imaculada, mãe de Deus, e pelo amor fraternal que professastes ao Menino Jesus, acudimos hoje a vós para vos pedir uma graça: a necessidade que temos de vender uma casa. Suplicamos o vosso amparo neste assunto e rogamos-vos que encaminheis os compradores adequados, pedindo também que nos ampareis a cada um de nós para que, seguindo o vosso exemplo, possamos alcançar a bem-aventurança no céu. Ámen.

Acudir a São José em todas as necessidades


Pela sua santidade e pelos méritos que adquiriu o Santo Patriarca no cumprimento da sua missão de fiel custódio da Sagrada Família, a sua intercessão é a mais poderosa de todas, se excetuarmos a da Santíssima Virgem, e é, além disso, a mais universal, estendendo-se às necessidades, tanto espirituais como materiais, e a cada homem em qualquer estado em que se encontre. "Tal como a lâmpada doméstica que difunde um luz familiar e tranquila - assinalava Paulo VI -, conforta do tédio do silêncio e do temor da solidão (...), também a luz da piedosa figura de São José difunde os seus raios benéficos na Casa de Deus, que é a Igreja, enche-a de humaníssimas e inefáveis recordações da vinda à cena deste mundo do Verbo de Deus feito homem por nós e como nós, que viveu a proteção, a orientação e a autoridade do pobre artesão de Nazaré, e ilumina-a com o incomparável exemplo que caracteriza o santo mais afortunado de todos pela sua grande comunhão de vida com Cristo e Maria, pelo seu serviço a Cristo, pelo seu serviço por amor" (Paulo VI, Homilia, 19-III-1966).

O patrocínio de São José

Que é um Patrono?
 A etimologia da palavra o está dizendo: é pai, isto é, o que exerce a missão de pai e protege como um pai protege e ampara o filho.
No sentido litúrgico, chama-se Patrono aquele que intercede ou pede por outro
Jesus Cristo é o Patrono por excelência, o Mediador necessário único: um é o Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que se entregou em redenção por nós.
O Patrocínio de Jesus, porém, não exclui o dos Santos, e ao invés, este recebe daquele toda a virtude e poder. Maria sendo nossa corredentora, e Mãe de Jesus, é a Mediadora universal de todas as graças. Tudo nos vem de Jesus por Maria. E pelos méritos do Sangue de Jesus, pelos méritos de Maria Mediadora de todas as graças somos salvos. Pois Jesus e Maria, unidos na terra e no céu a S. José, fizeram ao seu Pai e Esposo participante em grau mais elevado que todos os santos, do poder de intercessão e de proteção sobre os homens remidos. 
Santo Tomás de Aquino nos dá a grande razão do Patrocínio de S. José; “Quanto mais perfeitos na caridade são os santos que reinam no Céu, tanto mais oram pelos homens e os podem socorrer” 
É o grande princípio. Ora, quem depois de Maria amou a Jesus Cristo mais que o santo Patriarca? Não há, pois, e não é possível que exista maior nem mais eficaz Patrono que S. José. 
Jesus, Patrono ou Mediador necessário. 
Maria, Patrona ou Mediadora universal. 
Ninguém irá a Deus nem se salvará a não ser por Maria. 
José, Patrono e Mediador de todas as graças que nos veem pelos méritos da Redenção: o tesoureiro das graças que do Céu nos chegam pelas mãos de Maria.
Eis aí o lugar privilegiado de S. José como nosso Patrono.
São as razões, fundamentais do Patrocínio de S. José
Se nenhum eleito o avantaja em santidade e perfeição, se mereceu a honra de proteger o Verbo Encarnado, é o Patrono da obra de Jesus Cristo, a Santa Igreja. 
O seu Patrocínio é o mais poderoso, o mais eficaz e o mais benéfico. 
As razões que teve a Igreja, disse Leão XIII, para proclamar a S. José seu especial Patrono e confiar tanto na valiosa proteção do grande santo, não são outras senão as dos títulos singulares que ele possuiu de Esposo de Maria e Pai adotivo de Jesus.
A José do Egito diz o Faraó, proclamando-o Vice-rei: “Governarás minha casa e ao império da tua voz todo o meu povo te obedecerá”. “Ide a José e fazei o que ele vos disser”. 
O Rei dos Céus não deu menor poder ao novo José, Esposo de Maria.
Ite ad Joseph é o que nos repete a Igreja, dando-nos como Patrono S. José.
Em 1869, setecentos e setenta e sete Bispos, seis mil sacerdotes, por ocasião do Concílio do Vaticano, pedem ao Santo Padre Pio IX, a aclamação solene e oficial do Patrocínio de S. José sobre a Igreja Universal. 
Em 8 de dezembro de 1870 a Suplica é ouvida. O Pontífice da Imaculada Conceição e da Infalibilidade Pontifícia declara solenemente a S. José Patrono da Igreja Universal.

Pe. Ascânio Brandão

Quem é São José? "Pai adotivo de Jesus"

A maior glória de São José, a mais rica pérola do seu diadema, o título e privilégio que o faz o maior dos Santos é o de Pai do Filho de Deus humanado
Todos os Santos, escreveu Gerson, se gloriam de serem chamados servos de Deus, servos de Jesus Cristo. 
São José, e só ele, foi chamado Pai do Salvador, Pai de Jesus Cristo
Entre os títulos de glória do Santo, este é sem dúvida o maior. 
O povo, diz o Evangelista, tinha José por pai de Jesus. Estava na idade de trinta anos e todos o tinham por filho de José
Assim dizia e julgava o povo ignorante do adorável mistério da Encarnação do Verbo. 
Diz o Evangelista, observa Santo Agostinho, que o povo tinha a Jesus por filho de José, julgando ter ele nascido como os demais homens e assim falava de Jesus como filho de São José.
Todavia, comenta o Padre Cantera, não só o vulgo ignorante chamava a José de pai de Jesus. 
Os Evangelistas, que narraram e conheceram o mistério da Encarnação e a Divindade de Jesus, chamavam a José pai de Jesus. Admiravam-se seu Pai e sua Mãe do que se dizia d’Ele.
Iam os Pais de Jesus todos os anos a Jerusalém. Ficou Jesus em Jerusalém sem que o soubessem seus Pais. 
E Nossa Senhora ao encontrar Jesus no templo, lhe diz: Eis que teu pai e eu cheios de aflição te procuramos
Sempre no Evangelho, S. José chamado e considerado Pai de Jesus. E Jesus mil vezes o havia de chamar Pai, e a ele esteve sujeito e obediente trinta anos desde Belém. 
São José, pois, é e deve ser chamado Pai de Jesus, Pai virginal, não Pai carnal e segundo a geração humana, porque Maria Imaculada concebeu e foi Mãe de Jesus por obra e graça do Espírito Santo. São José é a sombra do Eterno Pai, a imagem do Pai de quem procede o Filho, Jesus Cristo. Não devia pois ser chamado Pai de Jesus? Pai putativo, genealógico, jurídico ou legal, adotivo, eletivo, nutrício, virginal, afetivo e de ofício de Jesus Cristo. 
Eis a sua glória: Pai de Jesus.

Pe. Ascânio Brandão
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