São José e a confiança dos pobres

São José e o "milagre da manteiga"

São José é um bom ecónomo. Toda a instituição ou obra entregue ao chefe e provedor da Sagrada Família, jamais perece. Poderá sofrer dificuldades mas a confiança no querido patrono a salva de todo o perigo. Uma congregação religiosa da Flandres, as Pequenas Irmãzinhas dos Pobres, conta o Pe. Millot no seu "Tresor d`istoires", nomeou São José provedor de todas as suas casas.
Estabeleceram um Asilo de mendigos e velhos. Um dia a Irmã da Dispensa notou que a manteiga já não existia nos potes. Naquela região é um alimento de necessidade e preferem passar sem pão que sem manteiga. Os velhinhos ficaram desolados. Haviam pedido tanto a São José que nada lhes deixasse faltar no Asilo, principalmente a manteiga! Alguns mais caducos faltavam mesmo à reverência ao Santo em queixas bem amargas. A boa Madre Superiora, alma simples e caridosa, não perdeu a confiança. Ao ver que nem o dinheiro nem a manteiga apareciam, imaginou um expediente devoto para tocar o coração de São José. Mandou que alguns velhos trouxessem da capela a imagem de São José e a transportassem em procissão entre velas acesas, até à dispensa. Lá colocam a imagem entre os potes de manteiga vazios e acendem duas velas. - Pois, diziam eles, São José não volta para a capela enquanto não nos socorrer! E puseram-se a rezar em grupos sucessivos ante aquele altar improvisado e original. Chega a noite e... os potes vazios! Alguns velhos de vez em quando olhavam curiosos para dentro dos potes e sacudiam a cabeça desolados: - Nada! Nada! São José não mandou até agora a manteiga! Julgavam que por milagre os potes se haviam de encher sozinhos. A noite veio e foram deitar-se sem manteiga. No dia seguinte, logo pela madrugada, acendem de novo as velas e recomeçam as orações e a guarda a São José entre os potes vazios. Mas abriram-se de manhã as portas do Asilo e um capitalista da cidade apresenta-se à Madre Superiora.
- Madre, venho aqui pela primeira vez. Não conheço o Asilo e vejo-me obrigado hoje a visitá-lo.
- Obrigado?! pergunta a religiosa algo surpreendida.
- Sim. Durante toda esta noite sonhei com esta casa, os velhos, e alguém me repetia: - é preciso visitar o Asilo! Depressa, visita o Asilo! E nisto passei toda a noite, em sonhos que me importunaram. Levantei-me e aqui estou.
Permita-me uma visita ao estabelecimento. 
A Superiora leva-o à capela, aos salões dormitórios, e demais dependências. Chegam à dispensa. Lá estavam os velhos em oração diante de São José e dos potes vazios.
- Que é isto, Madre Superiora?
- Os velhinhos imploram a São José um pouco de manteiga para os potes vazios. Desde ontem rezam incessantemente. O capitalista riu-se e depois algo impressionado:
- Agora compreendo porque sonhei tanto esta noite e porque me diziam : - é preciso visitar o Asilo! São José me trouxe aqui. Pois mandem encher os potes de boa manteiga e pagarei as despesas. Não deixem faltar manteiga aos bons velhos. Os velhinhos felizes, e as boas Irmãs de joelhos, agradecem o favor a São José.
- Agora, bom São José, já podeis voltar para a capela! Muito agradecido meu São José! - murmurou um dos velhos ingenuamente.

São José em nossa agonia

São José é o patrono da boa morte. Os seus devotos têm a felicidade e o privilégio da graça da perseverança final. É crença nossa que os santos do céu na glória e na plenitude da caridade, têm um zelo especial para nos obter aqui na terra as mesmas graças que eles mais alcançaram quando viviam no exílio. Assim recorremos a Santo Afonso pedindo uma devoção ardente a Maria Santíssima, a São Tomás de Aquino a ciência das coisas de Deus, a Santa Teresa e Santa Teresinha do Menino Jesus, o amor de Deus, e assim invocamos os santos pelo que mais se empenharam e sofreram na terra, assim nos valham no céu. Ora, dentre todas as graças e privilégios dos santos, São José obteve um dos maiores: - a morte de amor nos braços de Jesus e Maria. Foi assistido, socorrido e amparado pelo Filho de Deus e pela Mãe de Deus. Pode existir melhor e maior padroeiro para a agonia? A alma cristã não acharia melhor protetor para a hora da morte. Invoquemos sempre estes três nomes benditos, terror do inferno e salvação das almas fiéis: Jesus, Maria e José!

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O Filho de Deus, tendo as chaves do paraíso, deu uma a Maria e outra a José, para que na hora da morte possam introduzir os seus devotos fiéis no lugar do refrigério e da paz. Santa Teresa narra as circunstâncias tocantes da morte de muitas Carmelitas devotas de São José e acrescenta: eu observei nelas, no momento de darem o ultimo suspiro, uma calma, uma tranquilidade inefáveis. Dir-se-ia que entravam em doce êxtase ou no repouso da oração. Nada indicava que alguma tentação lhes perturbasse a paz intima que gozavam.
Era a recompensa dos mais fervorosos devotos de São José, que a Santa conhecera em sua vida.
Um célebre Missionário Marista estava à morte e sorria. Exclamou: - eu sempre tive muito medo da morte. Hoje não. Há dez meses que só penso nela em minhas meditações e há vinte e cinco anos que rezo todos os dias a São José a oração pedindo a graça de uma boa morte. Tenho a certeza que fui ouvido. E expirou placidamente.
Ó, invoquemos com todo o fervor o Padroeiro dos Agonizantes e à hora da morte veremos como ele nos há-de valer!


Pe. Ascânio Brandão 

Oração a São José, modelo e padroeiro dos devotos do Santíssimo Coração de Jesus

Ó! glorioso São José, a bondade
do vosso coração é sem limites e inefável;
generosamente abrem-se as
vossas mãos, ó! nosso amado Pai, aos
dons preciosíssimos da graça celestial,
da qual sois o tesoureiro. Ah!
que nem um só dos vossos servos
possa dizer que vos invocou em vão.
Que todos venham, que todos se
apresentem ante o vosso trono e invoquem
vossa intercessão, a fim de viverem
e morrerem santamente, a vosso
exemplo, nos braços de Jesus e
de Maria Santíssima. Amém.
Ó! São José, modelo e padroeiro
dos devotos do Santíssimo Coração
de Jesus, rogai por nós.


(100 dias de indulgência)

São José e Santa Terezinha

A devoção ao Santo Esposo de Maria era tradição na abençoada família de Santa Terezinha do Menino Jesus. Na "História de uma alma" escreveu a Santa: "Desde a mais tenra idade que em minha alma se confundiam o amor de São José com o da Santíssima Virgem".
Em suas poesias tão belas, ao falar da Sagrada Família de Nazaré, com que ternura recorda a humildade, o amor e a dedicação de São José! Zélia Guerin, a piedosa mãe da Santa, devotíssima do Santo Patriarca, a ele confiava todos os negócios e sofrimentos.
Deu aos filhos, os dois meninos que teve, o nome de São José: José Luís e José João Baptista. Ambos voaram para o céu em tenra idade. A esperança de um filho missionário desvaneceu-se. Todavia, continuaram os piedosos esposos a rezar e Nosso Senhor deu-lhes mais que um simples missionário - a Padroeira de todos os Missionários. Aos 2 de Janeiro de 1873 nasceu em Alençon a Terezinha. Pouco depois do Batismo a pequena definha e parece querer seguir o caminho dos anjinhos já partidos para o céu. O médico aconselha a procurar uma boa e sadia ama de leite como última tentativa. Esta ao chegar encontra a criança em lastimoso estado, e abana a cabeça - Pobrezinha! É tarde demais! Já não há mais remédio...
A pequenina lívida, com sinais de agonia.
Zélia subiu ao segundo andar e recolheu ao quarto. Não lhe sobravam mais forças para assistir à agonia de mais uma filhinha, e em tão pouco tempo. Todavia, não se julgou vencida, e ao contemplar a imagem de São José, seu querido protetor de todas as horas, caiu de joelhos e exclamou cheia de confiança: - Meu querido São José, eu não me dou por vencida! Sois o padroeiro das causas desesperadas, valei-me!
Desce. E que alegria inesperada! A criança toma o peito da ama. A felicidade foi momentânea. São José queria experimentar a confiança da sua serva. A Terezinha, após este sinal de vida, cai desfalecida novamente. Nem um sopro de vida. Zélia, banhada em lágrimas, suspirou resignada: Seja feita a vossa vontade, meu Deus! Meu São José eu vos agradeço a morte suave que permitistes ao meu anjinho!
De súbito, com geral estupefação, Terezinha abre os olhos, reanima-se e sorri para a mãe. A agonizante de há poucos minutos estava salva. São José fez o milagre.

Adoráveis orações


Bom São José, eu vos ofereço o meu coração para dá-lo a Jesus!

Poder e eficácia do nome de São José

O nome bendito de José, mil vezes pronunciado por Jesus e Maria na intimidade de trinta anos na casa de Nazaré, nome santificado nos lábios do próprio Deus e da Mãe de Deus, nome querido e cheio de bençãos, não há-de ser poderoso e cheio de eficácia invocado em nossas necessidades e misérias da vida terrena? Os próprios anjos louvam o nome de José. Observa o piedoso Pe. Huguet: Vede como os espíritos angélicos respeitam a santidade e a pureza do nome de José! A primeira vez que o Anjo aparece a São José chama-o: José, filho de David, isto é, chamou-o pela nobreza real a que pertencia.
A Ezequiel diz o Anjo: Levanta-te, Filho do Homem! A Pedro diz: Levanta-te depressa - Escreve o que vês, diz a São João. Só a São José é que o Anjo chama pelo nome próprio e o trata como um príncipe da estirpe de David: - Joseph, fili David. Só São José teve a honra de ver o seu nome junto aos nomes de Jesus e Maria. Depois do nome de Jesus e do nome bendito de Maria, nenhum nome é mais poderoso no céu e na terra. Nome que é o terror do inferno e alegria do céu.
Santa Teresa experimentou o poder e eficácia do nome do Santo Esposo de Maria e afirmava: - Nunca invoquei o nome de São José e deixei de ser atendida. É um nome poderoso para afastar as tentações, inspirar bons pensamentos, salvar-nos nos perigos e ajudar-nos na luta contra o pecado. Não se pode imaginar o poder do nome de São José e quanto Deus nos atende ao invocá-lo!
Santa Gertrudes em suas revelações viu a glória de São José no céu. O glorioso Esposo de Maria num trono de esplendores e ao se pronunciar o seu nome os Anjos e os Santos se inclinavam.
Maria Santíssima para dar uma prova de amor ao beato Herman, o angélico menino da ordem Premonstratense, muda-lhe o nome para o de José. A Santa Margarida de Cortona recomenda Nosso Senhor que não passe um só dia sem invocar o nome de seu Pai Adotivo. Pois se é tão grande e honrado pelo próprio Deus e por Maria o nome de São José, como não há-de ser poderoso invocado por nós com muita confiança e devoção!
O nome de São José tem um poder singular para excitar a nossa fé, afugentando as tentações, e nos valer em nossas necessidades. Nunca o separemos dos nomes de Jesus e Maria.


Pe. Ascânio Brandão

O nome de São José

O nome de São José no Evangelho

Na Sagrada Escritura os nomes têm um sentido profundo e belo, traduzem a Missão de quem o possui. O teu nome, diz o senhor a Abraão, não será mais Abrão mas Abraão, porque eu te destinei a ser pai de muitos povos.
A Jacob diz: - O teu nome não mais será Jacob, mas Israel, porque se contra Deus foste forte quanto mais serás contra os homens.
A Simão diz Jesus quando lhe confia a missão de Chefe da sua Igreja: Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja.
O nome traduz uma missão, não é imposto arbitrariamente. O filho de Jacob fora chamado José. José, diz a Escritura, filho que cresce, filho que cresce e de formoso aspeto.
José, diz São Jerónimo, quer dizer acréscimo, aumento. Ora, a significação deste nome, comenta Santo Alberto Magno, convém àquele que pelas relações com Deus foi elevado acima de todos e pela união com Maria Mãe de Deus e pela paternidade adotiva de Jesus, cresceu, elevou-se mais que todos os mortais. O nome de São José vem repetido muitas vezes no Evangelho. E tal repetição, observa ainda Santo Alberto Magno, indica um desígnio particular da Divina Providência. Deus quer esclarecer e evidenciar a justiça santíssima de São José, escrevendo o seu nome muitas vezes no Evangelho, o Livro da Vida. Quer provar que aquele homem escolhido para esposo de Maria não era desconhecido e quer eternizar a memória do que foi considerado Pai do próprio Deus.
Pode afirmar-se, pois, escreve São Boaventura, que o louvor de São José está no Evangelho. É um nome glorificado pelo Espírito Santo. Nome que veio do céu, nome bendito e inseparável dos santíssimos nomes de Jesus e Maria. Vede como o repetem os evangelistas: José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. Estando Maria já desposada com José - Mas José seu esposo como era justo - José, filho de David não temas receber Maria por tua esposa - E despertando José do sono - Eis que apareceu em sonhos a José - O anjo do Senhor apareceu em sonhos a José dizendo: - levanta-te, toma o Menino e sua Mãe.
São Lucas: - A uma virgem desposada com um homem chamado José da casa de David - E também José subiu da Galileia da cidade de Nazaré à cidade de Belém.
E o julgavam filho de José.
E São João: - Não é ele aquele Jesus filho de José?
Vede quantas vezes repete o Evangelho o nome de José. Não é um nome celeste e cheio de bençãos?


Pe. Ascânio Brandão

A mensageira de São José

Num dos quarteirões de Paris residia uma família dotada de alguma fortuna. Um casal e a filha chamada Josefina. Viviam felizes, em prosperidade de negócios. Nada lhes faltava. Imprevidentes, gastavam quanto iam recebendo, sem economias para o futuro e sem cuidado na aplicação das rendas. Um dia caiu enfermo o chefe da casa e maus negócios levaram-nos rapidamente a uma extrema miséria. Deixaram o palacete confortável obrigados pelos credores e foram estabelecer-se em pobre mansarda num dos subúrbios longínquos da grande cidade. Os pobres velhos choravam abatidos e desanimados. Josefina, porém, não perdia a calma e o sorriso habituais. Era boa costureira e bordava com perfeição. Procurava trabalho e dia e noite não descansava. Saía cada tarde a entregar as peças e com o dinheiro recebido comprava o necessário para a casa. Muita vez, no entanto, pobrezinha, voltava de mãos vazias: passavam alguns dias sem alimento suficiente. Resolve procurar uma colocação onde possa contar com ordenado certo cada mês e com trabalho extraordinário e noturno, dar algum conforto aos pais. Entregou a sua causa a São José. O tempo vai passando. Sempre aquela vida atribulada e incerta, semeada de lágrimas, não raro de alguma fome. Aproximava-se a festa do Patrocínio de São José. A moça piedosa e devotissima do Padroeiro de todas as necessidades teve uma ideia original. Entra no quarto pobre, toma uma folha de papel e escreve uma carta a São José pedindo um emprego, um meio de ganhar a vida e sair daquela situação embaraçosa. Ingenuamente assina: Josefina de tal, residente em tal rua - bairro de Paris - costura, borda com perfeição.
Dobra a cartinha, amarra-a com uma fitinha, vai a uma gaiola onde trazia presa uma linda pomba, dependura-lhe o bilhete sob uma das asas, e solta-a dizendo: vai pombinha querida, vai para onde São José te mandar; hoje mesmo venha a resposta do céu. Era um gesto de ingénua e doce confiança no Patrono das causas mais desesperadas. E depois Josefina sentiu-se feliz e tranquila. Não invocara São José em vão. Poucas horas depois um carro pára defronte da porta da humilde mansarda.
Um senhor bem trajado e ainda jovem pergunta:
- Mora aqui a menina Josefina de tal?
- Sim, responde a jovem, sou eu mesma.
- Escreveu a menina este bilhete?
- Sim, e como o foi encontrar?
- Sob as asas de uma pomba que entrou no meu escritório e de lá não queria sair. Observei, trazia ela este bilhete, li-o e aqui estou. Sou devoto de São José. Resolvi abrir esta semana uma fábrica de roupas brancas e bordados. Faltava-me, porém, alguém para ensinar e dirigir as primeiras operárias. Pedi a São José que ma arranjasse. Providencialmente, entra-me a pombinha pelo escritório dentro, encontro este bilhete e venho a saber que aqui a menina Josefina e seus pais sofrem privações. Permita-me menina que lhe ofereça já uma quantia para solver os compromissos de que fala no bilhete, e quero desde já contratá-la para dirigir a minha oficina.
Os velhos pais choravam de alegria e da mais profunda gratidão.
- Como São José é bom! disseram todos juntos.
Em breve Josefina estava à frente das oficinas bastas, no centro de Paris.
O patrão pôs-se a observá-la e notou ser a jovem de fina educação, bondosa, modesta, rica de prendas.
E, de uma simpatia mútua chegaram ao noivado e ao casamento. Os negócios prosperaram. Voltaram os bons tempos de outrora. No lugar de honra do salão principal do palacete, foi colocada uma bela estátua de São José. E, aos pés da imagem, uma pombinha branca embalsamada, e em letras doiradas no pedestal : - "A mensageira de São José".


A graça de uma boa morte

Numa paróquia da Diocese de Lyon, em França, ficou sempre lembrado o exemplo edificante de um grande devoto de São José. Com a idade de 86 anos, em 1859, faleceu este bom velhinho como um predestinado. Devotissimo de São José, todos os dias pedia ao santo uma graça -  a de uma santa morte. Recitava nesta intenção fervorosas orações de manhã e à noite. Todas as quartas feiras jejuava e dava esmola aos pobres em honra de São José para alcançar a graça da perseverança final. A festa de 19 de Março cada ano era o seu encanto. Com que piedade a celebrava! Durante 50 anos jamais deixou um só dia de pedir a São José a graça de uma boa morte.
A 15 de Março de 1859 caiu gravemente doente. Pediu e recebeu com muita fé os últimos sacramentos. Comoveu a toda a família a piedade do bom velhinho. Disse então: - no dia de São José, no dia 19, mandem celebrar uma missa por minha intenção e quero que rezem aqui as orações dos agonizantes enquanto se celebrar a missa na Matriz.
À hora da consagração os sinos deram o sinal na torre e o velho levantou os olhos para o alto, cruzou os braços sobre o peito em forma de cruz e pronunciou distintamente: - Jesus! Maria! Meu São José! e expirou docemente, sem uma contração da face, como se dormisse. Morria no instante do "Memento" dos mortos. Era a recompensa dos cinquenta anos de oração perseverante a São José, pedindo uma boa morte. 

Como foi a morte de São José?

Recorramos à tradição. Nas igrejas do Oriente, no dia 19 de Março, nos primeiros séculos, cada ano, diz Izidoro de Isolanis, se costumava ler com toda a solenidade ao povo, uma piedosa narração da morte de São José. O Bispo dava a benção, sentava-se no meio da assembleia e ordenava ao leitor fizesse, em voz alta, a leitura da piedosa narração seguinte:
"Eis chegado para José o momento de deixar esta vida. O Anjo de Deus lhe apareceu e anunciou ter chegado a hora de abandonar o mundo e ir repousar com seus Pais. Sabendo estar próximo o seu último dia, quis visitar pela última vez o Templo de Jerusalém, e lá pediu a Deus que o  ajudasse na hora derradeira. Voltou a Nazaré e, sentindo-se mal, recolheu-se ao leito. E dentro em breve o seu estado se agravou. Entre Jesus e Maria, que o assistiam carinhosamente, expirou suavemente, abrazado no Divino Amor. Oh! morte bem-aventurada! Como não havia de ser doce e abrazada no Divino Amor a morte daquele que expirou nos braços de um Deus, e da Mãe de Deus?
Jesus e Maria choravam ao fecharem os olhos de José. E como não havia de chorar Aquele mesmo Jesus que choraria sobre a sepultura de Lázaro? Vede como Ele o amava! disseram os Judeus. José não era tão só um amigo, mas um Pai querido e santíssimo para Jesus?"
Gerson acrescenta que Jesus preparou para a sepultura o corpo virginal de seu Pai adotivo, cruzou-lhe as mãos sobre o peito e o abençoou, para que não se corrompesse no sepulcro.
Eis aqui o que podemos saber, pela tradição, da morte de São José.
A Igreja canta no Ofício litúrgico de 19 de Março, confirmando a tradição:
"O nimis felix , nimis o`beatus, cujus extremam vigiles ad horam.
Christus et Virgo simul astiterunt ore sereno!
Ó, mil vezes feliz e bem-aventurado aquele que na hora extrema teve junto de si Cristo e a Virgem!"

São José tarda mas não falta

Conta um missionário Redentorista, o Pe. H. Santrain, autor de um belo livro "Le Glorieux Saint Joseph", o fato seguinte: - Corria o ano de 1862, quando pregava um dia sobre São José, na missão de uma cidade, logo após o sermão veio procurar-me uma viúva muito queixosa e amargurada por um filho de vinte e cinco anos, dado à ociosidade e ao vicio. Havia feito uma novena fervorosa a São José para obter uma boa colocação já em vista para o moço. Para melhor obter a graça deixou a tibieza em que vivia, resolveu confessar-se e comungar, o que já não fazia havia vários anos, e preparou-se fervorosamente para a festa  de 19 de Março. Três dias depois da festa voltou ao missionário verdadeiramente desolada e aflita.
- Ó meu padre, V. Revma. pode pregar quanto quiser e a quem quiser que São José não recusa favor algum a quem lhe suplica, tanto no temporal como no espiritual. Quanto a mim, sou uma desiludida de São José. Pedi com tanta confiança e mil vezes a graça da colocação de meu filho. Nunca rezei e fiz tanto na piedade e com tamanha confiança...ai! e São José faz-me esta! Não rezo mais a São José. Não, mil vezes não! São José não me atende!
- Então, minha filha, que aconteceu?
- Meu filho ia ser colocado no emprego que tanto desejei e pedi para ele. Tudo estava já preparado. E na hora, rejeita, abandona, continua no vicio, na vadiação, e ainda pior do que antes. A pobre mãe soluçava:
- Ai! Meu São José! Não quisestes ouvir-me. Todos recorrem a São José e alcançam o que pedem. Só eu não sou atendida. Não creio no poder de São José para comigo!
O missionário calou-se um instante, e depois com energia: - Não seja ingrata nem fale assim como insensata, minha senhora. Pois não vê que São José atendeu o pedido? Não conseguiu o emprego? Então só porque seu filho recusa a graça, tem a culpa São José?! Cale-se, peça perdão a São José e volte a pedir-lhe humildemente a conversão de seu filho. A pobre mãe caiu em si, humilhou-se e voltou a rezar de novo ao Santo Patriarca. Na semana seguinte antes do final das pregações veio alegre dar a boa nova: - Meu bom padre, perdoe-me a queixa insensata de São José. Meu filho converteu-se, foi ele mesmo procurar o emprego e ainda felizmente o achou. Trabalha contente, é outro rapaz. Bendito seja meu São José! Hoje somos felizes eu e meu filho, graças à proteção de São José!


Era velho São José?

Quando se uniu à Virgem Santíssima em matrimónio, que idade tinha São José? 

Há três opiniões diversas. Uns afirmam que era jovem como Maria, para que melhor a pudesse auxiliar e servir como esposo. Antigos Breviários aplicam a Maria e José aquela passagem de Isaías: 
Habitará o jovem com a Virgem e o esposo se alegrará com sua esposa. Outros opinam pela idade avançada do Santo Patriarca. Santo Epifânio, por exemplo, chega a dizer que José se casou aos oitenta anos de idade. 
A grande maioria porém é de opinião que não era jovem nem velho, mas de idade viril entre os trinta e quarenta anos. 
A Madre Agreda, autora da obra tão discutida “Mística Cidade de Deus”, diz que tinha São José, ao desposar Maria, a idade de 33 anos. 
Não tem fundamento a opinião da velhice do Santo Patriarca no matrimónio. Apresentar São José como erroneamente o fazem alguns artistas, como velho, alquebrado, decrépito, é um absurdo! Em primeiro lugar é contra o fim do matrimónio do Santo Esposo da Virgem, que era velar a honra de Maria e a legitimidade de Jesus e ocultar aos olhos dos homens o mistério da Encarnação. Ora, como se poderia dar isto se São José fosse velho octogenário e Maria uma donzela de 16 anos? 
E depois, como poderia São José ajudar e proteger Maria e Jesus nas longas viagens, nas lutas e trabalhos para sustentar a Sagrada Família durante trinta anos, tendo casado já velho e até octogenário? 
E finalmente num matrimónio tão perfeito como deveria ser o de José e Maria, não deveria existir uma proporção perfeita na idade como na virtude? 
O Evangelho indica-nos a idade viril de São José pois chama-o vir, isto é, varão. Esta palavra indica homem robusto, forte, nem velho nem demasiado jovem, homem adulto e viril. As palavras de Isaías: habitará o jovem com a Virgem, têm um sentido místico, não podem servir de argumento a favor da juventude de São José. 
No século IV as imagens do Santo Patriarca representam-no sem barba, adulto, forte, viril. Donde se pode concluir com toda segurança que São José não era velho ao desposar a Virgem. Nem tão jovem como sua esposa, mas um varão adulto: vir.
Uma falsa e mal esclarecida piedade fez com que artistas, sobretudo medievais, representassem São José velho para melhor realçar a pureza de Maria. A Virgem Imaculada e seu Santo Esposo não receberam de Deus o dom da mais alta santidade e de uma pureza maior que a dos Anjos para merecerem a honra de tratarem na intimidade o Deus de toda a pureza? Por que, pois, havia necessidade da velhice de São José para guardar a virgindade de Maria? 
Tal opinião, mais que absurda, é injuriosa.


Pe. Ascânio Brandão

Bendita seja vossa pureza!

"Bendita seja vossa pureza,
e eternamente o seja,
pois o céu se recria
em tão graciosa beleza.
Por vossa dignidade excelsa,
casto Esposo de Maria,
Pai meu!, neste dia
ofereço-vos o coração,
olhai-me com compaixão,
assisti-me na agonia".


De um carmelita em Mallorca, 1958

Devoção às dores e alegrias de São José: origem

Qual a origem desta devoção às dores e alegrias de S. José?

Navegavam dois Padres Franciscanos nas costas da Flandres, quando se levantou uma horrenda tempestade e o navio em que viajavam submergiu com os trezentos passageiros que levava. A Divina Providência permitiu que se salvassem os dois franciscanos sobre umas tábuas nas quais navegaram três dias entre a vida e a morte. 
Lembraram-se de S. José naquelas horas de angústia. Recomendaram-se fervorosamente ao Santo Esposo de Maria. No mesmo instante aparece-lhes um homem cheio de majestade e bondade, oferece-se para guiá-los sobre as tábuas e os conduz rapidamente a um porto, onde saltaram para terra. Os dois frades caíram de joelhos aos pés do seu salvador, num agradecimento comovido. 
—Quem és? Perguntaram-lhe curiosos. 
— Eu sou José, Esposo de Maria e Pai Putativo de Jesus. Se quereis agradecer-me e fazer alguma coisa que me seja agradável, não deixeis de rezar cada dia e devotamente sete vezes o Pai-Nosso e sete vezes a Ave-Maria, em memória das sete dores com as quais minha alma foi afligida na terra, e em memória das sete alegrias que consolaram meu coração quando vivi no mundo com Jesus e Maria. 
E ditas estas palavras desapareceu. 
Daí veio a propagação desta prática tão bela de piedade, a mais popular e a mais agradável a S. José.
Esta devoção tão conforme ao Evangelho é uma lembrança dos mistérios adoráveis da Infância de Jesus. A Igreja a enriqueceu de indulgências. É como que o Rosário de S. José. O que a devoção do Rosário é para Nossa Senhora, assim as Sete dores e sete alegrias para São José. Não há melhor prática de devoção em honra de S. José.

Lenda do Manto de São José

É uma lenda, não mais que uma lenda. Uma bela e piedosa lenda que tem passado oralmente entre os devotos de São José, geração após geração, desde há séculos. Partilho-a com os leitores do blog.


Por aqueles dias, São José devia dirigir-se às montanhas de Hébron, onde tinha ajustado um carrego de madeira; mas vinha adiando a partida dia após dia, na tentativa de reunir o dinheiro necessário. Porém, em vão! Os dias passavam e José não conseguira reunir senão metade do dinheiro. E o caso é que já não podia esperar mais; era preciso servir os clientes e portanto ir buscar a madeira.

- Se vos parece bem - disse-lhe a Santíssima Virgem -, pedirei emprestado aos parentes o dinheiro que falta.
- Eu mesmo irei - respondeu São José.
- Não, esposo meu - suplicou Maria -; deveis fazer uma longa viagem e não vos deveis cansar - e cobrindo a cabeça segundo o costume, saiu de casa. Ao regressar disse-lhe:
- Não há dinheiro. Pedi em várias casas e todas se desculparam; com certeza não o têm porque se o tivessem, porque se negariam a emprestá-lo? Mas pensei uma coisa, - continuou Maria, ocultando sob um doce sorriso o sentimento do seu coração -;...pensei que podíeis deixar o vosso manto como garantia até poder pagar e com isso o dono da madeira com certeza dar-se-ia por satisfeito.
- Pensastes bem - disse São José, baixando os olhos, para que a sua virginal esposa não os visse rasos de lágrimas.
- Adeus, esposo meu - disse Maria ao despedir-se -. O Deus de Abraão vos acompanhe e o seu Anjo vos guie.
- Adeus esposa minha; procurarei regressar depressa.

E partiu o santo com a metade do dinheiro e o manto novo que Maria lhe oferecera no dia do casamento.

***
- Deus te abençoe Ismael, disse o pai adotivo de Jesus de modo cortês ao chegar à presença do dono da madeira contratada.
- Vens buscar a madeira? - foi a resposta à saudação de José -; bem podias ter vindo antes; pouco faltou para que ficasses sem nenhuma.

Ismael tinha mau feitio, era um avarento sem coração, a sua casa nunca conhecera a paz, a sua paixão era o dinheiro e tudo isto sabia José desde que negociava com ele; por isso já podemos imaginar a aflição que sentia o humilde carpinteiro por ter que declarar o estado das suas finanças. Escolheu a madeira, pondo-a de lado, e chegado o momento chamou à parte Ismael e falou-lhe assim:

- Não trago comigo senão a metade do dinheiro; mas tu sabes que sempre te paguei até à ultima moeda. Tem um pouco de paciência e pagar-te-ei até ao ultimo quadrante; entretanto fica com este manto como garantia.

Ismael protestou e voltou a protestar, de tal modo que esteve a ponto de desfazer o negócio; mas no fim lá acabou por ceder, se bem que de mau grado, ficando com o manto do casamento de São José como garantia até que este pudesse pagar.

O avaro Ismael tinha doentes os olhos desde havia tempo e apesar de inverter muito dinheiro em medicinas e médicos não conseguira ainda recuperar a saúde; tinha já perdido a esperança de se curar, pelo que foi grande a sua surpresa quando na manhã seguinte a este dia constatou que os seus olhos estavam sãos como se nunca tivessem estado doentes.

- Mas o que é isto?! - perguntava-se -. Ontem doentes com úlceras incuráveis, e hoje sãos sem medicina alguma!

Não atinava Ismael com a razão de tudo aquilo e ao chegar a casa contou à esposa o prodígio. Eva, que assim se chamava a mulher, era uma verdadeira serpente, tinha um génio de fera, e desde que casara com Ismael jamais havia tido paz, nem tranquilidade, nem gosto no matrimónio; mas aquela noite parecia um cordeiro. Que doçura a das suas palavras! Que mansidão! Que alegria no seu rosto antes sombrio e enrugado pela ira! "Que é isto? Que mudança é esta? Quem traria tal mudança?" - perguntava-se Ismael.

- Toma este manto e guarda-o - disse Ismael a Eva -. É de José, o carpinteiro de Nazaré, e há-de voltar por ele. Este manto deve ser a explicação de tudo o que está a acontecer - pensou para si Ismael -. Desde que o tenho em meu poder sinto em mim tal mudança, tais afetos e tais desejos, que não pode ser outra a causa. Ouviram então barulho no estábulo e, terminando a conversa, acudiram para ver do que se tratava.

Uma vaca, a melhor, a mais gorda, retorcia-se no chão. Pobre animal! Apesar dos remédios que ambos esposos lhe administravam não melhorava; pelo contrário, parecia ir apagar-se a qualquer momento. Lembrou-se então Ismael do manto de José e comunicou a Eva os seus pensamentos; nada tinham a perder; mas se a vaca se curasse, saberiam que o manto era a causa da sua sorte e do bem-estar que desfrutavam.
Assim que lhe puseram o manto em cima o animal levantou-se do chão onde antes se retorcia e pôs-se a comer como se nada tivesse acontecido.

- Vês? - disse Ismael -, este manto é um tesouro. Desde que está em nossa posse somos felizes. Conservemos este presente dos céus; não nos desprendamos dele nem por todo o ouro do mundo.
- E não o devolveremos ao dono? - perguntou Eva inquieta.
- Não lho devolveremos - respondeu Ismael resolutamente.
- Então - disse Eva - vamos comprar-lhe outro melhor que este no mercado de Jerusalém e, se te parece bem, iremos os dois levar-lho.
- Sim - respondeu o marido -. Eu perdoo-lhe a divida e estou disposto a dar-lhe daqui em diante toda a madeira que ele necessitar.
- Não disseste que tem um filho chamado Jesus? - perguntou Eva -. Levar-lhe-ei de presente um par de cordeiros brancos e um par de pombas alvas como a neve. E a Maria, azeite e mel. Parece-te bem, esposo meu?
- Tudo me parece excelente - respondeu -. Amanhã iremos a Jerusalém e dali a Nazaré.

Já estavam os camelos preparados para a viagem quando chegou ofegante um irmão mais novo de Ismael dizendo que a casa de seu pai estava a arder e era preciso levar o manto do carpinteiro para apagar o incêndio. Não havia tempo a perder. Os dois irmãos correram precipitadamente para casa do pai e ao chegar cortaram um pedaço do milagroso manto e atiraram-no ao fogo. Não foi necessário derramar uma só gota de água; aquilo foi o bastante para apagar o incêndio. As gentes admiraram-se ao ver tal prodígio e louvaram o Senhor.

- Que aconteceu? - perguntou Eva ao vê-los de volta - Já se extinguiu o fogo?
- Sim - respondeu o esposo satisfeito -; um pedaço do manto bastou para realizar o milagre.

Dias depois apeavam-se dos camelos à porta do carpinteiro de Nazaré. Ismael, o antigo avarento, e Eva sua esposa, vinham cheios de humildade prostrar-se aos pés de José e Maria e trazer-lhes vários presentes. Ao vê-los, São José e a Santíssima Virgem Maria pensaram que vinham reclamar o dinheiro em falta e encheram-se de tristeza, pois ainda não tinham conseguido reuni-lo. Mas ao entrarem na casa onde José, Maria e o Menino Jesus se encontravam, puseram-se ambos de joelhos e tomando Ismael a palavra disse:

- Vimos, minha esposa e eu, agradecer-te pelos imensos bens que recebemos do céu desde que me deixaste o manto como garantia; e não nos levantaremos daqui sem obter o teu consentimento de ficarmos com ele para que continue a proteger a minha casa, o meu casamento, os meus interesses e os meus filhos.
- Levantai-vos - disse José, estendendo as mãos para os ajudar.
- Oh, Santo Profeta! - respondeu Ismael num arroubo espiritual -; permite ao teu servo que fale de joelhos e ouve estas palavras: os meus olhos estavam doentes e o teu manto curou-os; era usureiro, altivo, rancoroso e homem sem coração e converti-me a Deus; minha esposa estava dominada pela ira e agora é um anjo de paz; deviam-me grandes quantias de dinheiro e cobrei tudo sem trabalho algum; estava doente a melhor das minhas vacas e curou-se de repente; incendiou-se a casa de meu pai e extinguiu-se o fogo instantaneamente ao atirar para o meio das chamas um pedaço do teu manto.
- Louvado seja Deus por tudo! - disse baixando os olhos o santo Carpinteiro -. Levantai-vos, que não está bem que estejais de joelhos diante de um homem tão humilde como eu.
- Ainda não terminei - respondeu Ismael -. Tu não és um homem como os outros, mas um Santo, um Profeta, um Anjo na terra. Trazemos-te um manto novo, dos melhores que se tecem em Sídon; a Maria tua esposa trazemos-lhe azeite e mel, e a Jesus, teu filho, oferece-lhe minha esposa um par de cordeiros brancos e um par de pombas mais alvas que a neve do Líbano. Aceita estes humildes presentes, dispõe da minha casa, do meu gado e dos meus bosques, das minhas riquezas, de tudo o que possuo e...não me peças de volta o teu manto!
- Ficai com ele! - disse o santo Carpinteiro -; e graças, muitas graças pelas vossas ofertas.

E enquanto se levantavam do chão e aproximavam os presentes, disse-lhes Maria - sabei, bons esposos, que Deus determinou benzer todas as famílias que se coloquem sob o manto protetor do meu santo esposo. Não vos espantem pois os prodígios operados; outros maiores vereis; amai José, servi-o, guardai o manto, dividi-o entre os vossos filhos, e seja esta a melhor herança que lhes deixeis no mundo.

...E é sabido que os esposos guardaram fielmente os conselhos da Santíssima Virgem Maria e foram sempre felizes, assim como os seus filhos e os filhos dos seus filhos.

Relíquias de Sâo José

Há relíquias de São José? Sim, a tradição guarda alguns objetos e venera-os como relíquias do Santo Patriarca. 

S. Francisco de Sales, argumentando em favor da Ressurreição de S. José e da glória do santo em corpo e alma no céu, apresenta a razão de ninguém ter encontrado o corpo de S. José no seu sepulcro. E por isso, diz o Santo Doutor, não temos relíquias do corpo santíssimo de José

A tradição conserva alguns objetos.


O anel nupcial é uma jóia que se conserva em Perúsia. Foi trazido para Itália no século XI. Foi objeto de lutas entre as cidades de Perúsia e Clusi, que lhe disputavam a posse. Inocêncio VII decidiu a questão em favor de Perúsia, mas sem decidir coisa alguma sobre a autenticidade da relíquia.

vara de S. José venera-se na Igreja de N. Senhora dos Anjos em Florença. Foi trazida do Oriente pelo Cardial Bessarion por ocasião do Concílio Ecumênico em 1439.

O manto de S. José foi dividido em várias partes. Umas conservam-se na Igreja de Santa Anastácia, em Roma, outras na Basílica de Santa Cecília, em Assis, e em Bolonha.

cíngulos de S. José venera-se em Joinville, na França. É de cânhamo, mede um metro de comprimento e quatro centímetros de largura. Está encerrado num relicário de marfim com os dizeres: “Hic est cingulus, quo cingebatur Joseph sponsus Mariae”. A relíquia veio da Palestina em 1248, trazida por Joinville, grande devoto de S. José.

Privilégios e Perfeições de São José

Atribuem ao Santo Esposo de Maria privilégios e perfeições que na verdade dificilmente podem ser contestados. Alguns têm mesmo sólidos fundamentos.

Ei-los: 

1° —Santificação no seio materno. 
2.° —Impecabilidade. 
3.° —Virgindade perpétua. 
4.° —Ressurreição.

SANTIFICAÇÃO NO SEIO MATERNO 

A santificação de S. José no seio materno foi defendida pela primeira vez pelo célebre Gerson, o sábio chanceler da Universidade de Paris. Esta prerrogativa foi possuída pelo Profeta Jeremias e S. João Batista. Daquele se lê na Escritura: “' Anteqnem exires de vulva sanctificavi te” (Jer. I, 5): “Antes de saíres do seio de tua mãe eu te santifiquei”. E de João Batista diz o Evangelho: “Spiritu Sancto replebitur adhuc ex utero matris suae” (Luc. I, 15): "Será cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe". 
Ora, José maior que João Batista pela união com Cristo, e incontestavelmente mais santo e maior que Jeremias, não teria o privilégio da santificação no seio materno?
Gerson defende a sua tese ante a venerável assembleia do Concilio de Constança, e não poucos autores o seguem depois: Santo Afonso de Ligório aceita e defende esta opinião e bem assim Isolano, Cartagena, Bernardino de Bustes e muitos outros teólogos e santos. 

IMPECABILIDADE

Outro privilégio é o da impecabilidade. 
S. José foi confirmado em graça de tal modo que pode evitar todo pecado, até o venial! 
José, diz o Cardial Lepicier, nunca manchou a sua alma com a mais leve sombra de pecado em toda a sua vida mortal
Todos os Autores em geral admitem sem contestação a impecabilidade de S. José.
Jesus é santo e impecável por natureza, cheio de graça, Deus absoluto e infinito. Maria é santa e impecável não por natureza absolutamente, mas por singular privilégio de Deus, como disse Pio IX, foi preservada do pecado original, em atenção aos méritos de Jesus Cristo. José é também santo e impecável pessoalmente, cheio de graça e confirmado em graça evitou todo pecado. Nunca manchou a candura de sua alma virginal e santíssima. Assim o exigiam o lugar que ocupou na Sagrada Família, as relações íntimas com Deus e com a Mãe de Deus. 

 VIRGINDADE PERPÉTUA

A virgindade perpétua é outra coroa de glória do santo Patriarca. 
A Escritura nada fala da virgindade de S. José, mas a Tradição nos guarda e garante esta opinião com segurança. 
A Tradição teológica, escreve o Pe. Cantera, reprova todos os erros contra esta doutrina e afirma unanimemente a Virgindade de S. José, e hoje podemos afirmar que é uma verdade teologicamente certa, da qual não é lícito a nenhum cristão duvidar".
Santo Atanásio, S. Jerônimo, Santo Agostinho, S. Beda Venerável, Santo Tomás de Aquino, defendem com ardor e sólida argumentação, a virgindade perpétua de S. José. 
É célebre a resposta de S. Jerônimo ao herege Helvídio: Dizes, que Maria não ficou Virgem. Pois não só defendo e afirmo a Virgindade de Maria, como digo ainda mais: por Maria foi Virgem também S. José.

 RESSURREIÇÃO 

Finalmente, um grande privilégio atribuído ao Santo Patriarca é o da Ressurreição.
Um corpo tão puro e virginal e santo como era o de S. José, convinha estivesse reunido à alma no Céu, como esteve na terra. Depois de pago o tributo à morte e cumprida a lei que nos condena a morrer pelo pecado de Adão, convinha ao corpo de S. José ressuscitar glorioso e triunfante. 
José morreu nos braços de Jesus e Maria e foi sepultado piedosamente. Diz S. Mateus, que na morte de Jesus ressuscitaram muitos corpos de santos que haviam morrido. E acrescenta que vieram à cidade e foram vistos por muitos. Santo Tomás afirma que os que ressuscitaram então não voltaram à sepultura, mas foram com Cristo ao Céu.
Pois entre os ressuscitados, segundo a opinião de muitos teólogos e exegetas, estava S. José. Knabenbauer observa que os que ressuscitaram na morte de Cristo não foram os justos antigos, desconhecidos do povo, mas os que haviam falecido havia pouco tempo, afim de que todos vissem e atestassem o prodígio e cressem na ressurreição de Cristo. 
Ora, ninguém era mais conhecido que José. Não chamavam todos a Jesus: o filho do carpinteiro? Por isso, diz Suarez, é opinião comum e muito provável a ressurreição de S. José e a subida ao Céu em corpo e alma com Jesus Cristo. 
Não há inconveniente algum em crer nesta opinião, embora não conste na Revelação, e não se possa afirmar com absoluta certeza, diz o sábio Pontífice Bento XIV.

Pe. Ascânio Brandão

O lugar de São José


O santo padre Pio IX, de saudosa memória fora o Papa de uma das horas mais tormentosas e difíceis da história da Igreja. Devoto fervoroso de S. José, consagrou ao santo patriarca toda a Igreja em 8 de Dezembro de 1870. 
O culto de S. José desde então, mais se desenvolveu, e admiravelmente em todo o mundo católico. 
O Papa da proclamação da Imaculada Conceição e da infalibilidade pontifícia, foi também o Papa de S. José
Certa vez em Roma apareceu um artista de valor e o Papa lhe recomendou a pintura de um quadro no qual deveria figurar o céu. 
Pio IX acompanhava os trabalhos da tela com extremo carinho. Um dia, quando já bem adiantada ia a obra, o artista explica ao Pontífice o assunto, e o simbolismo das figuras e o lugar dos personagens na tela.
—E S. José, onde o colocou? 
— Ei-lo, diz o pintor, mostrando um ângulo do quadro, ei-lo aqui neste canto! 
— Não, meu filho, diz Pio IX, ali não pode ficar. Quero-o aqui ao lado de Jesus e Maria. Não me tire S. José de junto de Jesus e Maria, porque assim é que estão eles no céu! 
Bela e tocante lição! 
Em nossas orações, em nossa devoção nunca separemos o que Deus uniu na terra e no Céu: Jesus, Maria e José.

Oração a São José para vender uma casa


São José, por aquele amor que vos uniu à Virgem Imaculada, mãe de Deus, e pelo amor fraternal que professastes ao Menino Jesus, acudimos hoje a vós para vos pedir uma graça: a necessidade que temos de vender uma casa. Suplicamos o vosso amparo neste assunto e rogamos-vos que encaminheis os compradores adequados, pedindo também que nos ampareis a cada um de nós para que, seguindo o vosso exemplo, possamos alcançar a bem-aventurança no céu. Ámen.

Acudir a São José em todas as necessidades


Pela sua santidade e pelos méritos que adquiriu o Santo Patriarca no cumprimento da sua missão de fiel custódio da Sagrada Família, a sua intercessão é a mais poderosa de todas, se excetuarmos a da Santíssima Virgem, e é, além disso, a mais universal, estendendo-se às necessidades, tanto espirituais como materiais, e a cada homem em qualquer estado em que se encontre. "Tal como a lâmpada doméstica que difunde um luz familiar e tranquila - assinalava Paulo VI -, conforta do tédio do silêncio e do temor da solidão (...), também a luz da piedosa figura de São José difunde os seus raios benéficos na Casa de Deus, que é a Igreja, enche-a de humaníssimas e inefáveis recordações da vinda à cena deste mundo do Verbo de Deus feito homem por nós e como nós, que viveu a proteção, a orientação e a autoridade do pobre artesão de Nazaré, e ilumina-a com o incomparável exemplo que caracteriza o santo mais afortunado de todos pela sua grande comunhão de vida com Cristo e Maria, pelo seu serviço a Cristo, pelo seu serviço por amor" (Paulo VI, Homilia, 19-III-1966).

O patrocínio de São José

Que é um Patrono?
 A etimologia da palavra o está dizendo: é pai, isto é, o que exerce a missão de pai e protege como um pai protege e ampara o filho.
No sentido litúrgico, chama-se Patrono aquele que intercede ou pede por outro
Jesus Cristo é o Patrono por excelência, o Mediador necessário único: um é o Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que se entregou em redenção por nós.
O Patrocínio de Jesus, porém, não exclui o dos Santos, e ao invés, este recebe daquele toda a virtude e poder. Maria sendo nossa corredentora, e Mãe de Jesus, é a Mediadora universal de todas as graças. Tudo nos vem de Jesus por Maria. E pelos méritos do Sangue de Jesus, pelos méritos de Maria Mediadora de todas as graças somos salvos. Pois Jesus e Maria, unidos na terra e no céu a S. José, fizeram ao seu Pai e Esposo participante em grau mais elevado que todos os santos, do poder de intercessão e de proteção sobre os homens remidos. 
Santo Tomás de Aquino nos dá a grande razão do Patrocínio de S. José; “Quanto mais perfeitos na caridade são os santos que reinam no Céu, tanto mais oram pelos homens e os podem socorrer” 
É o grande princípio. Ora, quem depois de Maria amou a Jesus Cristo mais que o santo Patriarca? Não há, pois, e não é possível que exista maior nem mais eficaz Patrono que S. José. 
Jesus, Patrono ou Mediador necessário. 
Maria, Patrona ou Mediadora universal. 
Ninguém irá a Deus nem se salvará a não ser por Maria. 
José, Patrono e Mediador de todas as graças que nos veem pelos méritos da Redenção: o tesoureiro das graças que do Céu nos chegam pelas mãos de Maria.
Eis aí o lugar privilegiado de S. José como nosso Patrono.
São as razões, fundamentais do Patrocínio de S. José
Se nenhum eleito o avantaja em santidade e perfeição, se mereceu a honra de proteger o Verbo Encarnado, é o Patrono da obra de Jesus Cristo, a Santa Igreja. 
O seu Patrocínio é o mais poderoso, o mais eficaz e o mais benéfico. 
As razões que teve a Igreja, disse Leão XIII, para proclamar a S. José seu especial Patrono e confiar tanto na valiosa proteção do grande santo, não são outras senão as dos títulos singulares que ele possuiu de Esposo de Maria e Pai adotivo de Jesus.
A José do Egito diz o Faraó, proclamando-o Vice-rei: “Governarás minha casa e ao império da tua voz todo o meu povo te obedecerá”. “Ide a José e fazei o que ele vos disser”. 
O Rei dos Céus não deu menor poder ao novo José, Esposo de Maria.
Ite ad Joseph é o que nos repete a Igreja, dando-nos como Patrono S. José.
Em 1869, setecentos e setenta e sete Bispos, seis mil sacerdotes, por ocasião do Concílio do Vaticano, pedem ao Santo Padre Pio IX, a aclamação solene e oficial do Patrocínio de S. José sobre a Igreja Universal. 
Em 8 de dezembro de 1870 a Suplica é ouvida. O Pontífice da Imaculada Conceição e da Infalibilidade Pontifícia declara solenemente a S. José Patrono da Igreja Universal.

Pe. Ascânio Brandão

Quem é São José? "Pai adotivo de Jesus"

A maior glória de São José, a mais rica pérola do seu diadema, o título e privilégio que o faz o maior dos Santos é o de Pai do Filho de Deus humanado
Todos os Santos, escreveu Gerson, se gloriam de serem chamados servos de Deus, servos de Jesus Cristo. 
São José, e só ele, foi chamado Pai do Salvador, Pai de Jesus Cristo
Entre os títulos de glória do Santo, este é sem dúvida o maior. 
O povo, diz o Evangelista, tinha José por pai de Jesus. Estava na idade de trinta anos e todos o tinham por filho de José
Assim dizia e julgava o povo ignorante do adorável mistério da Encarnação do Verbo. 
Diz o Evangelista, observa Santo Agostinho, que o povo tinha a Jesus por filho de José, julgando ter ele nascido como os demais homens e assim falava de Jesus como filho de São José.
Todavia, comenta o Padre Cantera, não só o vulgo ignorante chamava a José de pai de Jesus. 
Os Evangelistas, que narraram e conheceram o mistério da Encarnação e a Divindade de Jesus, chamavam a José pai de Jesus. Admiravam-se seu Pai e sua Mãe do que se dizia d’Ele.
Iam os Pais de Jesus todos os anos a Jerusalém. Ficou Jesus em Jerusalém sem que o soubessem seus Pais. 
E Nossa Senhora ao encontrar Jesus no templo, lhe diz: Eis que teu pai e eu cheios de aflição te procuramos
Sempre no Evangelho, S. José chamado e considerado Pai de Jesus. E Jesus mil vezes o havia de chamar Pai, e a ele esteve sujeito e obediente trinta anos desde Belém. 
São José, pois, é e deve ser chamado Pai de Jesus, Pai virginal, não Pai carnal e segundo a geração humana, porque Maria Imaculada concebeu e foi Mãe de Jesus por obra e graça do Espírito Santo. São José é a sombra do Eterno Pai, a imagem do Pai de quem procede o Filho, Jesus Cristo. Não devia pois ser chamado Pai de Jesus? Pai putativo, genealógico, jurídico ou legal, adotivo, eletivo, nutrício, virginal, afetivo e de ofício de Jesus Cristo. 
Eis a sua glória: Pai de Jesus.

Pe. Ascânio Brandão

Adoráveis orações


Oraçao de confiança em momentos de angústia ou dificuldade


Bem-aventurado São José, cujo poder pode tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão sérias e difíceis que vos recomendo, para que tenham uma feliz solução, conforme à vontade de Deus.

Meu amado Pai: toda a minha confiança eu a deposito em vós, e abandono-me como uma criancinha, dormida nos braços de seu pai.

Que não se possa dizer que em vão vos invoquei e já que vós tudo podeis junto de Jesus e de Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder.

Ámen

Pai Nosso, Ave Maria, Glória

Oração a São José, patrono das causas difíceis



Glorioso São José, esposo de Maria, concedei-nos a vossa proteção paternal, nós vos suplicamos pelo Coração de Jesus e pelo  Coração Imaculado de Maria.

Ó vós cujo poder se estende a todas as nossas necessidades e sabeis tornar possíveis as coisas impossíveis, abri os vossos olhos de pai sobre os interesses dos vossos filhos. Nas dificuldades e sofrimentos que nos esmagam, recorremos a vós com confiança; dignai-vos tomar sob o vosso cuidado este assunto importante e difícil, causa da nossa inquietação (mencionar a necessidade). Fazei com que o seu feliz desenlace seja para a melhor glória de Deus e para o bem dos seus fieis servidores.

Ó vós, amável São José, que nunca ninguém invocou em vão! Vós cujo crédito é tão poderosos junto de Deus que se pode dizer: "No céu, José manda mais do que suplica", terno pai, rogai por nós a Jesus, rogai por nós a Maria. Sede nosso advogado junto deste Divino Filho do qual fostes  aqui na terra pai nutrício tão atento, tão amável e protetor fiel. Sede nosso advogado junto de Maria da qual fostes esposo amantísimo  e tão ternamente amado. Acrescentai a todas as vossas glórias a de ganhar a causa difícil que vos confiamos.

Nós cremos, sim, nós cremos que podeis satisfazer os nossos desejos livrando-nos das tristezas que nos abatem e das amarguras que assolam a nossa alma;  temos, além disso, a  confiança firme que nada negligenciareis em favor dos aflitos que vos imploram. Humildemente prostrados a vossos pés, bom São José, nós vos suplicamos, tende piedade dos nossos gemidos e das nossas lágrimas; cobri-nos com o manto das vossas misericórdias e abençoai-nos. Ámen.

São Francisco de Sales

Quando invocar São José...



"Quando invocar São José,
você não tem que dizer muito. 
Diga apenas, "Se estivésseis no meu lugar,
São José, o que faríeis?
Bem, rogai por isso em meu nome."

Irmão André

Oração a São José pelas crianças que vão nascer

Ó glorioso São José,
protetor da Sagrada Família,
protegei desde o seio de sua mãe
todos as criancinhas
que Deus chama à vida,
tal como protegestes 
o Menino Jesus
desde o seio virginal de Maria.
São José,
guardião da vida em família,
intercedei para que cresçam
o amor e o respeito
pelo dom da vida
em nosso tempo.
Ámen.

São José é...

"São José é...
de todos os santos, o
mais querido de Deus.

Ele tem, portanto,
grande poder junto Dele
e pode obter graças
para os seus devotos."


St. Alphonsus Liguori

Os Santos e São José

A grande Madalena dos últimos tempos, Santa Margarida de Cortona, atribuía a sua conversão maravilhosa à proteção de S. José. Cada dia lhe prestava uma homenagem. Jesus lhe disse numa aparição: "Margarida, a tua devoção ao meu Pai Putativo me é muito agradável. Quero que cada dia pagues um tributo de louvor a S. José".
Abrasada em zelo, a santa nunca deixou de invocar ao santo Patriarca até à morte.
Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, tinha no seu oratório uma imagem de S. José, e em presença deste grande Mestre da vida interior gostava de celebrar a Santa Missa. Resolvia todas as suas dúvidas e negócios aos pés de S. José. 
São Francisco de Sales fora servo devotado e apóstolo zeloso do culto Josefino. Nas vésperas de 19 de março, cada ano, celebrava uma Missa Solene para a qual convidava todos os músicos de Anecy. Fazia com ardor e eloquência o panegírico do santo. Acreditava piamente na Ressurreição de S. José e na glória do santo em corpo e alma no Céu.
Santa Joana de Chantal, a mais fiel discípula e herdeira das virtudes do Santo Doutor, herdou-lhe também a devoção ao santo Patriarca. Trazia sempre consigo uma pequena imagem do santo. Aconselhava às Superioras da Visitação que todas as suas filhas trouxessem consigo uma estampa de Jesus, Maria e José.
Santo Afonso de Ligório fora outro apóstolo e devoto de S. José. Muito escreveu com aquela unção e simplicidade do seu estilo, para divulgar entre o povo a devoção ao Esposo de Maria.
São João Batista de la Sale, fundador das Escolas Cristãs, coloca a sua obra sob a proteção de S. José. Recitava cada dia a Ladainha de S. José, e a recomendava aos seus filhos, a fim de obterem do santo a graça de tratarem os discípulos, as crianças das Escolas, como S. José tratava o Deus Menino. S. José mostrou quanto lhe era grato este zelo. O santo já enfermo, sentiu recuperadas as forças nas vésperas de 19 de março e então celebrou a santa Missa pela última vez e morreu pouco depois santamente.
São João Batista Vianney, o santo Cura d’Ars, não se cansava de recomendar a devoção a S. José.
Em nossos dias a angélica Santa Teresinha, guardando as tradições do Carmelo, se consagra a S. José.
São João Bosco, o Pai da juventude, fundador inspirado da Congregação Salesiana, escolheu a São José como um dos Padroeiros de suas famílias religiosas. Inculcava sua devoção aos jovens de seus colégios, principalmente aos aprendizes, querendo que se esforçassem para imitar as virtudes que S. José praticou na sua humilde oficina de Nazaré. Fundou uma associação religiosa, com o nome de Companhia de São José, para incrementar o culto do santo, e estabeleceu que em todos os seus colégios se celebrasse com solenidade e fervor o Mês de São José e sua Festa, desde o ano de 1871, quando o Papa Pio IX elevou o rito da festa para Duplo de Segunda Classe.
Seria impossível falar da devoção de inúmeros santos, devotos e apóstolos do culto de S. José. Podemos afirmar não ter havido um só dentre os santos que não tivesse invocado o santo Patriarca.

Pe. Ascânio Brandão

Quem é São José? "Esposo de Maria"

Foi José verdadeiro e legítimo esposo de Maria, de um matrimónio, diz o Padre Sauvé, perfeitamente virginal, maravilhosamente fiel, milagrosa e infinitamente fecundo.
Quando Deus criou o homem no Paraíso terrestre, deu-lhe uma companheira em tudo a ele semelhante: Adjutorium símile sibi.
Havia de ser a esposa em tudo semelhante ao esposo. Para remir e salvar o mundo, obra maior e mais estupenda que a criação, Deus também quis associar a esta obra um homem e uma mulher. E formou São José semelhante a Maria.
José foi formado à semelhança da Virgem, sua esposa, escreveu São Bernardo. José e Maria como verdadeiros esposos, sempre unidos e semelhantes. Da mesma estirpe de Davi, da mesma condição de pobres unidos pelo mais casto e santo amor, e inseparáveis.
José foi esposo de Maria para que convenientemente viesse ao mundo o Verbo Encarnado.
Havia de nascer Jesus de uma virgem mas de uma Virgem desposada. E São José foi este Esposo predestinado e singular.
São José, diz São Gregório Nazianzeno, foi achado digno e aptíssimo para ser esposo de Maria.
O mesmo afirmam as autoridades de São Tomás de Aquino, Gerson, A Lapide.
O céu, escreve D. Gueranger no seu L’Année Liturgique, escolheu a São José como o único digno de um tal tesouro: —Maria.
Para ser esposo da Mãe de Deus, que pureza e que santidade não havia de ter São José!
E se Deus o escolheu para o desempenho desta missão, é que realmente foi ele o mais digno entre os homens e o mais semelhante à mais perfeita das criaturas, sua santíssima Esposa.
Para se conhecer bem o Santo Patriarca e avaliar o que Ele é no Plano Divino, e o que para nós é e representa, basta lembrar pois os dois títulos de glória que o tornam o maior e o mais singular dos Santos — Pai adotivo de Jesus Cristo e Esposo de Maria Imaculada.
E aqui fica a resposta à pergunta: Quem é São José? Virum Mariae de quanatus est Jesus. — É o esposo de Maria, diz o Evangelista, da qual nasceu Jesus.
E nisto só está definido São José.


Pe. Ascânio Brandão

Oração do pobre, operário e trabalhador a São José

Glorioso São José, modelo e padroeiro dos pobres, operários e trabalhadores, de todos aqueles que, como vós, ganham o pão de cada dia com o suor do seu rosto, alcançai-nos de Deus a conformidade em nossas fadigas e privações. Desapegai nosso coração das ambições terrenas, preservai-nos do espírito de inveja e revolta; fazei que, como vós, satisfeitos com nossa sorte humilde e penosa, vivamos e trabalhemos na presença e por amor de Jesus, para que neste mundo mereçamos sua graça e no outro a salvação e o descanso prometidos aos bons e fiéis servos. Amém.

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