São José e a confiança dos pobres

São José e o "milagre da manteiga"

São José é um bom ecónomo. Toda a instituição ou obra entregue ao chefe e provedor da Sagrada Família, jamais perece. Poderá sofrer dificuldades mas a confiança no querido patrono a salva de todo o perigo. Uma congregação religiosa da Flandres, as Pequenas Irmãzinhas dos Pobres, conta o Pe. Millot no seu "Tresor d`istoires", nomeou São José provedor de todas as suas casas.
Estabeleceram um Asilo de mendigos e velhos. Um dia a Irmã da Dispensa notou que a manteiga já não existia nos potes. Naquela região é um alimento de necessidade e preferem passar sem pão que sem manteiga. Os velhinhos ficaram desolados. Haviam pedido tanto a São José que nada lhes deixasse faltar no Asilo, principalmente a manteiga! Alguns mais caducos faltavam mesmo à reverência ao Santo em queixas bem amargas. A boa Madre Superiora, alma simples e caridosa, não perdeu a confiança. Ao ver que nem o dinheiro nem a manteiga apareciam, imaginou um expediente devoto para tocar o coração de São José. Mandou que alguns velhos trouxessem da capela a imagem de São José e a transportassem em procissão entre velas acesas, até à dispensa. Lá colocam a imagem entre os potes de manteiga vazios e acendem duas velas. - Pois, diziam eles, São José não volta para a capela enquanto não nos socorrer! E puseram-se a rezar em grupos sucessivos ante aquele altar improvisado e original. Chega a noite e... os potes vazios! Alguns velhos de vez em quando olhavam curiosos para dentro dos potes e sacudiam a cabeça desolados: - Nada! Nada! São José não mandou até agora a manteiga! Julgavam que por milagre os potes se haviam de encher sozinhos. A noite veio e foram deitar-se sem manteiga. No dia seguinte, logo pela madrugada, acendem de novo as velas e recomeçam as orações e a guarda a São José entre os potes vazios. Mas abriram-se de manhã as portas do Asilo e um capitalista da cidade apresenta-se à Madre Superiora.
- Madre, venho aqui pela primeira vez. Não conheço o Asilo e vejo-me obrigado hoje a visitá-lo.
- Obrigado?! pergunta a religiosa algo surpreendida.
- Sim. Durante toda esta noite sonhei com esta casa, os velhos, e alguém me repetia: - é preciso visitar o Asilo! Depressa, visita o Asilo! E nisto passei toda a noite, em sonhos que me importunaram. Levantei-me e aqui estou.
Permita-me uma visita ao estabelecimento. 
A Superiora leva-o à capela, aos salões dormitórios, e demais dependências. Chegam à dispensa. Lá estavam os velhos em oração diante de São José e dos potes vazios.
- Que é isto, Madre Superiora?
- Os velhinhos imploram a São José um pouco de manteiga para os potes vazios. Desde ontem rezam incessantemente. O capitalista riu-se e depois algo impressionado:
- Agora compreendo porque sonhei tanto esta noite e porque me diziam : - é preciso visitar o Asilo! São José me trouxe aqui. Pois mandem encher os potes de boa manteiga e pagarei as despesas. Não deixem faltar manteiga aos bons velhos. Os velhinhos felizes, e as boas Irmãs de joelhos, agradecem o favor a São José.
- Agora, bom São José, já podeis voltar para a capela! Muito agradecido meu São José! - murmurou um dos velhos ingenuamente.

São José em nossa agonia

São José é o patrono da boa morte. Os seus devotos têm a felicidade e o privilégio da graça da perseverança final. É crença nossa que os santos do céu na glória e na plenitude da caridade, têm um zelo especial para nos obter aqui na terra as mesmas graças que eles mais alcançaram quando viviam no exílio. Assim recorremos a Santo Afonso pedindo uma devoção ardente a Maria Santíssima, a São Tomás de Aquino a ciência das coisas de Deus, a Santa Teresa e Santa Teresinha do Menino Jesus, o amor de Deus, e assim invocamos os santos pelo que mais se empenharam e sofreram na terra, assim nos valham no céu. Ora, dentre todas as graças e privilégios dos santos, São José obteve um dos maiores: - a morte de amor nos braços de Jesus e Maria. Foi assistido, socorrido e amparado pelo Filho de Deus e pela Mãe de Deus. Pode existir melhor e maior padroeiro para a agonia? A alma cristã não acharia melhor protetor para a hora da morte. Invoquemos sempre estes três nomes benditos, terror do inferno e salvação das almas fiéis: Jesus, Maria e José!

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O Filho de Deus, tendo as chaves do paraíso, deu uma a Maria e outra a José, para que na hora da morte possam introduzir os seus devotos fiéis no lugar do refrigério e da paz. Santa Teresa narra as circunstâncias tocantes da morte de muitas Carmelitas devotas de São José e acrescenta: eu observei nelas, no momento de darem o ultimo suspiro, uma calma, uma tranquilidade inefáveis. Dir-se-ia que entravam em doce êxtase ou no repouso da oração. Nada indicava que alguma tentação lhes perturbasse a paz intima que gozavam.
Era a recompensa dos mais fervorosos devotos de São José, que a Santa conhecera em sua vida.
Um célebre Missionário Marista estava à morte e sorria. Exclamou: - eu sempre tive muito medo da morte. Hoje não. Há dez meses que só penso nela em minhas meditações e há vinte e cinco anos que rezo todos os dias a São José a oração pedindo a graça de uma boa morte. Tenho a certeza que fui ouvido. E expirou placidamente.
Ó, invoquemos com todo o fervor o Padroeiro dos Agonizantes e à hora da morte veremos como ele nos há-de valer!


Pe. Ascânio Brandão 
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